Escritora portuguesa Grada Kilomba participa na Festa Literária de Paraty no Brasil
A escritora, psicóloga, teórica e artista interdisciplinar portuguesa Grada Kilomba é a quinta presença confirmada na 17.ª Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), que decorre de 10 a 14 de julho, naquela cidade brasileira, anunciou hoje a organização.
A autora residente em Berlim vai marcar presença na festa literária brasileira para lançar o seu livro “Plantation Memories. Episodes of Everyday Racism”, numa edição da Editora Cobogó, com o título “Memórias da Plantação: Episódios do racismo cotidiano”.
O livro, publicado originalmente em 2008, analisa e desvela a atemporalidade do racismo quotidiano, preenchendo lacunas sobre o tema e estabelecendo conexões entre raça, género e classe, segundo a informação disponível na página do Facebook da FLIP, que classifica a artista como uma “importante representante do feminismo negro”, que realiza “um trabalho híbrido que usa como suporte livros, performances, leituras, colagens, filmes e instalações”.
O trabalho de Grada Kilomba tem vindo a ser exibido em diversos contextos internacionais como a 10.ª Bienal de Arte Contemporânea de Berlim, a Documenta 14, em Kassel, a 32.ª Bienal de São Paulo, a Art Basel, o Museu Bozar, em Bruxelas, o Maxim Gorki Theater, entre outros.
Em 2017, apresentou em Portugal a performance “Illusions”, no Museu de Serralves, no Porto, e inaugurou duas exposições em Lisboa: “The Most Beautiful Language”, nas Galerias Municipais, e “Secrets To Tell”, no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia.
Nascida em Lisboa, Grada Kilomba estudou psicologia clínica e psicanálise no Instituto de Psicologia Aplicada (ISPA), trabalhou com pessoas traumatizadas pela guerra de Angola e Moçambique, iniciou vários projetos artísticos e terapêuticos sobre trauma e memória, bem como sobre o trabalho do autor de “Os Condenados da Terra”, Frantz Fanon.
Grada Kilomba recebeu uma bolsa de estudos da Fundação Heinrich Böll para a sua tese de doutoramento, que completou em 2008 na Universidade Livre de Berlim.
A partir de 2010, lecionou estudos pós-coloniais, psicanálise e o trabalho de Frantz Fanon em várias universidades, incluindo a Universidade Livre de Berlim, a Universidade de Bielefeld e a Universidade de Gana, em Acra, e mais recentemente, foi professora de Estudos de Género e Estudos Pós-coloniais na Universidade Humboldt, em Berlim, onde desenvolveu investigação na área das diásporas africanas.
A autora tornou-se conhecida precisamente com “Plantation Memories”, uma coleção de experiências quotidianas de racismo, em forma de contos psicanalíticos.
Os contos abordam os racismos relacionados com a voz e a liberdade de expressão, política do cabelo, política da pele, espaço, género, trauma, e política sexual.
Grada Kilomba é a quinta presença confirmada na FLIP, um dos principais festivais literários do Brasil, depois dos nomes da escritora canadiana Sheila Heti, do escritor angolano Kalaf Epalanga, da ensaísta brasileira Walnice Nogueira Galvão e da escritora norte-americana Kristen Roupenian.
O escritor brasileiro Euclides da Cunha (1866-1909), sociólogo, autor de “Os Sertões”, que foi correspondente de O Estado de São Paulo (1896-1897), é o homenageado da 17.ª edição da FLIP.
Fonte: Lusa