“Diamantino” no IV Festival Internacional de Cinema LGBTI em Brasília
Brasília, capital brasileira, acolhe, entre os dias 23 de maio e 06 de junho, a 4.ª edição do Festival Internacional de Cinema LGBTI, que contará com a exibição de “Diamantino”, de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt.
A programação deste ano inclui 17 filmes, sendo quatro documentários, em diversos idiomas, e legendados em português, que abordam diferentes questões da comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Pessoas Trans e Intersexuais).
A luta pela igualdade de direitos, a descoberta da própria identidade, a aceitação da identidade pela família e sociedade ou a relação entre a tradição e os diferentes modos de amar são alguns dos temas que os filmes abordam.
A história de “Diamantino”, filme que será exibido no dia 29 de maio na Embaixada de Portugal, chegou aos cinemas portugueses no mês passado, e passa-se em Portugal, mas num país de fantasia que, contudo, revela um lado “obscuro”.
“É um universo paralelo, que pega no lado mais complicado e escuro do que está a acontecer hoje em dia, mas fizemos uma comédia disso tudo”, disse o realizador português Gabriel Abrantes, em entrevista à agência Lusa, quando da estreia.
Gabriel Abrantes e o norte-americano Daniel Schmidt queriam, nesta primeira longa-metragem conjunta, “fazer um filme principalmente sobre uma pessoa muito rica que adotava uma pessoa muito pobre e os problemas políticos inerentes a essa situação”.
Aí entraram “a crise dos refugiados e um certo tipo de racismo ou xenofobia que existe na Europa, e daí veio o Brexit e o [presidente dos Estados Unidos, Donald] Trump e a muralha do Trump”.
“E inventámos esta ideia de Portugal como um país que pega em todas estas ideias: é um ‘Pegxit’, em vez de um Brexit, a muralha em vez de ser entre os EUA e o México é entre Portugal e Espanha, aplicámos estes eventos contemporâneos a Portugal, a um Portugal fantástico, que não existe”.
Diamantino, jogador de futebol e personagem que dá nome ao filme, interpretado pelo ator português Carloto Cotta, “é um bocado um Frankenstein”, pela mistura de estereótipos de várias personagens, mas que acaba por se “encontrar a si próprio”.
“Com o Carloto trabalhámos imenso e inventámos uma personagem que é um novo tipo de herói português”, referiu Gabriel Abrantes.
Carloto Cotta frisou a ideia de que “Diamantino” é um filme que “mistura muitos géneros”. “À partida parece só uma comédia louca ou um delírio ‘non sense’, mas depois é uma sátira política e uma reflexão sobre os medos coletivos, o perigo de uma ameaça de extrema direita, o perigo do preconceito, o perigo da impunidade das pessoas que roubam milhões e quase não pagam por isso ou não pagam mesmo”, referiu o ator à agência Lusa.
“Diamantino” permanece em exibição em Lisboa e no Porto.
Desde a estreia do filme em sala, Daniel Abrantes foi selecionado para a Quinzena de Realizadores, programa paralelo do Festival de Cinema de Cannes, com o seu novo projeto, a curta-metragem “Les Extraordinaires Mésaventures de la Jeune Fille de Pierre”, que terá aqui a sua primeira exibição pública.
O IV Festival Internacional de Cinema LGBTI é coordenado pelas Embaixadas da Bélgica e de Espanha, na capital brasileira, numa parceria com as Embaixadas da Alemanha, Austrália, Canadá, Chile, Croácia, Dinamarca, Eslovênia, França, Irlanda, Itália, Países Baixos, Portugal, Reino Unido e Suécia, e decorrerá no Instituto Cervantes, na Aliança Francesa, no Goethe-Zentrum Brasília e no Camões – Centro Cultural Português em Brasília.
O evento conta ainda com o apoio da Delegação da União Europeia no Brasil, Festival Curta Brasilia, campanha “Love is Great”, Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos do Brasil e do UNAIDS, programa das Nações Unidas sobre o vírus HIV/AIDS.
“Através da 4.ª edição do Festival, as embaixadas e instituições participantes reafirmam o seu compromisso com a igualdade e a dignidade de todos os seres humanos, independentemente da sua orientação sexual, identidade de género e/ou estatuto sexual”, afirmou a organização do evento em comunicado.
Fonte: Lusa