O português está em Macau para ficar

O governo de Macau tem estado a criar condições para que residentes e futuras gerações na região possam aprender português, de acordo com o gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. A cidade onde o português já se fala há cerca de meio século quer ter um papel de liderança no ensino do idioma. A onda de crescente interesse pela língua de Camões estende-se à China, onde há cada vez mais universidades a abrir cursos de português.

“A língua portuguesa não deve ser vista apenas como um referencial histórico e colectivo”, diz o Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, Alexis Tam. Conquanto faz parte do nosso passado deve – tem de ser assumida, sobretudo face aos desígnios que nos foram confiados pelo Governo Central, como uma constelação de oportunidades.

As palavras de Alexis Tam indicam que a estratégia política do governo passa por transformar Macau num centro de formação da língua portuguesa e contribuir que a sociedade seja cada vez mais multilingue.

O executivo da Região Administrativa Especial de Macau oferece cursos de português nos vários níveis de ensino nas escolas públicas e apoia as privadas quanto ao pessoal docente e materiais didáticos.

Ensino não superior

De acordo com os dados disponibilizados pelo Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Culura, o número de alunos que estão a aprender português no ensino primário e secundário tem vindo a crescer nos últimos anos tem vindo a crescer consistentemente nos últimos anos. A tendência crescente começou em 2011/2012, quando havia 3,690 alunos de português. Em 2014/2015, esse número já tinha crescido para 5,201 e em 2018/2019 atingiu os 6,681 estudantes. Segundo a DSEJ, isto significa 54 por cento do total dos alunos desse nível de ensino.

O número de escolas de ensino primário e secundário com português também tem aumentado desde o ano escolar de 2010/2011, com exceção de um ligeiro decréscimo em 2016/2017. No ano lectivo de 2018/2019 há um total de 45 escolas a ensinarem o idioma.

Em termos percentuais, os dados indicam que desde o ano lectivo 2014/2015 até ao presente, o número geral de alunos a estudar português no ensino não-superior subiu 28 por cento. Há mais 13 por cento de escolas com oferta de língua portuguesa e o número de docentes subiu 85 por cento.

Maior mobilidade

Os programas que proporcionam a mobilidade de estudantes são uma tendência internacional, como prova o programa Erasmus que revolucionou a mobilidade dos estudantes no espaço europeu.

O governo local tem investido também em programas de mobilidade de estudantes com vários países, incluindo Portugal. No ano lectivo de 2013/2014, havia 159 estudantes em mobilidade naquele país europeu e nos anos lectivos seguintes esse número tinha crescido para 255, 261, 293, 312 e atingiu 370 no presente ano lectivo.

Ensino superior

Ao nível do ensino superior, o Gabinete do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura indica que o número de alunos nos cursos de nível superior leccionados em língua portuguesa ou ligados à mesma língua cresceu exponencialmente ao longo dos anos. No ano lectivo de 1999/2000, aquando da transição de soberania de Macau, o número de estudantes nesses cursos era cerca de 300. Em 2009/2010 o número quase duplicara. No ano lectivo de 2014/2015, eram mais de 800 e em 2018/2019 já há mais de 1400 alunos em cursos deste género, 800 deles alunos locais. Estes números confirmam uma tendência para o interesse pelo ensino do português em Macau.

O número de docentes em cursos leccionados em língua portuguesa ou ligados à mesma em cursos do ensino superior cresceu proporcionalmente.

De acordo com os dados disponibilizados pelo gabinete de Alexis Tam, na altura da transferência de soberania, o número de professores de português era pouco superior a 50, um número que duplicara em 2009/2010. O número de professores recuou ligeiramente nos anos lectivos seguintes e registou uma subida substancial e crescente a partir do ano lectivo de 2014/2015 até se fixar em 216 no presente ano lectivo.

Em termos percentuais, o número geral de alunos a estudar português desde o ano lectivo 2014/2015 subiu 70 por cento. Desses, o número de alunos locais cresceu 58 por cento. O número de docentes subiu 137 por cento. Em quatro anos lectivos, o número de alunos de Macau em mobilidade em Portugal cresceu 45 por cento.

Missões que foram confiadas a Macau por Pequim

A RAEM foi a região escolhida para acolher o secretariado do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau). O mecanismo multilateral de cooperação intergovernamental foi criado em Outubro de 2003, por iniciativa do Governo Central da China e em coordenação com sete países cuja língua oficial é o português. Em Março de 2017, São Tomé e Príncipe, tornou-se o oitavo País de língua Portuguesa participante. O Fórum Macau tem como objectivo a consolidação do intercâmbio económico e comercial entre a China e os países de língua portuguesa. Nas conferências ministeriais realizadas em Macau de três em três anos são discutidos planos de ação e estabelecidas as metas económicas e comerciais a alcançar entre a China e os países de língua portuguesa.

Festival contribui para plataforma cultural

Macau pretende também afirmar-se cada vez mais como uma plataforma cultural, daí a criação no ano passado do “Encontro em Macau – Festival de Artes e Cultura entre a China e os Países de Língua Portuguesa”. No ano passado o encontro realizado em Julho incluiu um serão de espetáculos, um fórum cultural, um festival de cinema e a exposição anual de artes e a Exposição “Chapas Sínicas – Histórias de Macau na Torre do Tombo”, que esteve exposta em Macau até ao fim do ano. O evento incluiu ainda a “Exposição Anual de Artes entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, apresentando obras de arte contemporânea representativas da China e de oito países de língua portuguesa.

Fonte: Plataforma 

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