‘Estamos numa espécie de Idade Média, mas com perigos nucleares’, diz Rita Lee

Cantora volta à literatura infantil com ‘Amiga ursa’, livro que trata de ambientalismo ao contar história de animal que passou anos sendo maltratado.

Aposentada da música em 2012 e depois revelada como escritora de sucesso com sua autobiografia (de 2016, que vendeu mais de 350 mil exemplares), a cantora Rita Lee, de 71 anos, definitivamente não alimenta ilusões quanto à sua geração:

É então para essa criançada nascida “com uma visão renovadora sobre os dilemas planetários” que ela escreveu “Amiga ursa” (Globo Livros), sua mais nova obra literária, depois da autobiografia, da coletânea de contos“Dropz” e do volume predominantemente fotográfico “FavoRita” .

No novo livro, que chega hoje às lojas, Rita conta em forma de fábula a história de Rowena, ursa raptada ainda filhote na Rússia, que passou duas décadas em circos e zoológigos brasileiros até ser libertada e levada para o Rancho dos Gnomos, um santuário onde recebeu cuidados e encontrou uma vida feliz.

Com ilustrações de Guilherme Francini e a participação telepática da personagem BiBi (a atriz francesa Brigitte Bardot, célebre defensora dos direitos dos animais), o livro tem tarde de autógrafos dia 22 de julho na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, em São Paulo.

— Acompanhei o resgate da Rowena rezando para São Francisco. A história de como foi maltratada, em jaulas minúsculas, fazendo “truques”, me deixou profundamente triste — conta a cantora.

— Ela foi parar em zoológicos de regiões de temperaturas muito altas para um bicho acostumado à neve. Resolvi compartilhar sua saga com as crianças, que também podem ser vítimas de abusos, como os bichos, na maioria das vezes sem conseguir expressar o que está acontecendo.

Rita reconhece que o caso de Rowena é uma exceção no Brasil.

— Há vários animais ainda enjaulados em circos e zoológicos, além de rodeios, vaquejadas, rinhas de galo e de cachorro, farras do boi, contrabando de bichos exóticos e tantos outros “eventos” humilhantes. Isso sem contar a cruel realidade de aviários, de abatedouros, de criadores que só pensam em grana… — lamenta ela, que rejeita veementemente o consumo de carne. — Podemos facilmente substituí-la por outras fontes de proteína. E, além do sofrimento dos bichos, ao ingerir cadáveres de animais, coloca-se para dentro do próprio corpo os anabolizantes e hormônios que os humanos aplicam neles.

Ratinho ambientalista

Não é a primeira vez que Rita Lee se entrega à literatura infantil. Nos anos 1980, ela escreveu quatro livros sobre Dr. Alex, um ratinho que lutava pela causa ambientalista, e que vão ser relançados pela Globo Livros ainda este ano.

Fonte: O Globo

Partilhe esta história, escolha a plataforma!