Realizador brasileiro roda filme sobre a escravatura

O relato do trajecto utilizado pelo comércio de escravos saídos de Angola com destino ao Brasil é o foco do filme “A Rota da Escravidão”, que o realizador brasileiro No Martins produziu durante as sete semanas na residência artística “Angola Air”, em Luanda.

O filme, que teve pré-estreia, terça-feira, no Centro Cultural Brasil-Angola, na Baixa luandense, traz cenas gravadas nas praias do Museu da Escravatura e Porto de Luanda.

No Martins disse, ao Jornal de Angola, que “A Rota da Escravidão” é uma curta-metragem que relata as formas como os escravos saídos de Angola eram capturados e levados para o Brasil.
“É um trabalho de reflexão sobre o que foi o período de escravidão no continente berço da humanidade”, afirmou.

O filme, que tem como protagonista o personagem “Sem Entreves”, foi gravado, maioritariamente, na zona adjacente ao Museu da Escravatura, ao Morro dos Veados, local de registo e baptismo, assim como de “mudança de crença e passagem antes de partirem para o Brasil”.

Além da pré-estreia do filme, No Martins apresentou igualmente, na terça-feira, no Espaço Luanda Arte (ELA), o resultado da participação de sete semanas na residência artística “Angola Air”, resumido em 12 obras de pintura da série “Pretos Novos” e a performance “Aos que se forem, aos que aqui estão e aos que virão”.

Pela primeira vez no país, o artista brasileiro, que pensa regressar em breve, teve um encontro com vários criadores nacionais, durante o qual falou das experiências sobre a pesquisa que tem desenvolvido na pintura. O encontro foi moderado pelo galerista e rodutor Dominick Tanner.

Quanto à arte angolana, principalmente a plástica, No Martins respondeu que “tem um grande potencial, com criadores da nova geração a despontarem no mercado artístico”. Disse conhecer Edson Chagas, um artista que recria objectos abandonados para produzir as obras, Yonamine, criadora que reside entre Harare, Lisboa e Luanda, e Mestre Kapela, “um potencial homem das artes”.

O artista tem a agenda preenchida, com várias actividades no Brasil e em alguns países da Europa. Na terra natal, vai apresentar três mostras individuais, sendo a primeira, em Agosto, na Galeria de Arte Baró, no Rio de Janeiro, e as outras, em Setembro, naquela cidade e São Paulo. Em Março do próximo ano, o pintor participa numa exposição colectiva, em Londres.

No Martins teve os primeiros contactos com as artes visuais nas ruas de São Paulo, por paixão e pelo graffiti, em 2003, com 16 anos. Conheceu novas linguagens artísticas em diversos ateliers de gravura, como a Oficina Cultural Oswald de Andrade entre 2007 e 2011, na qual foi aluno de artistas como Rosana Paulino, Kika Levy e Ulysses Bôscolo. É licenciado em História e Artes Visuais.

Fonte: Jornal de Angola

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