Contributo de Óscar Ribas relembrado em jornadas
Os feitos e o contributo do escritor Óscar Ribas para o engrandecimento e valorização da tradição oral angolana são recordados a partir de hoje, às 15h00, hora local, na sua Casa Museu, no bairro do Cruzeiro, em Luanda, com a abertura da exposição de arte “Kapanatoplastia”.
A mostra, da autoria do artista plástico Euclides Miguel, é o resultado de uma parceria entre o Ministério da Cultura, a Casa Museu e a Universidade Óscar Ribas, com o intuito de celebrar mais um aniversário do escritor (109 anos caso estivesse vivo) e divulgar a sua obra às próximas gerações.
Para tal, um conjunto de actividades culturais e cientificas estão programadas, até ao próximo dia 6 de Setembro, entre a Casa Museu e a Universidade Óscar Ribas, em Luanda. A primeira é a inauguração da exposição na galeria Missosso.
As actividades incluem ainda a abertura, na Universidade Óscar Ribas, em Talatona, das jornadas científicas da instituição de ensino, que decorrem até ao dia 31, como forma de celebrar o aniversário do seu fundador, que se assinala a 17 deste mês.
O responsável pela comunicação da Casa Museu Óscar Ribas, Sidónio Massoxi, disse que após a inauguração e a visita guiada à exposição, aberta ao público até 6 de Setembro, a organização vai realizar a I Feira do Livro e do Disco, no espaço “Sunguilar”, na Casa Museu, que entre várias actividades tem como principal atracção o lançamento do livro “Nem só de beijos e abraços sobrevive o lar”, de Salvador e Marisa Júlio Francisco.
O homenageado
Escritor, jornalista e ensaísta angolano, Óscar Ribas nasceu no dia 17 de Agosto de 1909, na cidade de Luanda e faleceu a 19 de Junho de 2004, em Cascais. Considerado como um dos “fundadores” da ficção literária em Angola, o etnólogo deixou um valioso legado literário, tendo recuperado muitos temas da tradição oral, religião tradicional e filosofia dos povos de Luanda.
O seu primeiro livro, “Nuvens que Passam”, foi publicado em 1927. Dois anos depois publicou “Resgate de uma Falta”. Após 20 anos sem editar, Óscar Ribas surpreendeu os leitores com o livro “Flores e Espinhos”, em 1948, o qual, juntamente com dois novos títulos publicados em 1950, “Uanga”, e “Ecos da Minha Terra” (1952), constituem, de acordo com estudiosos das literaturas africanas, a segunda fase de publicações do autor.
Na década de 1960, Óscar Ribas publicou os livros “Missosso” (três volumes – 1961, 1962 e 1964), “Alimentação Regional Angolana” (1965), “Izomba – Associativismo e Recreio” (1965), “Sunguilando – Contos Tradicionais Angolanos (1967), “Kilandukilu – Contos e Instantâneos” (1973) e “Tudo Isto Aconteceu – Romance Autobiográfico” (1975).
Após uma pausa de quase duas décadas, Óscar Ribas voltou aos livros com “Cultuando as Musas”, ao que se seguiu o “Dicionário de Regionalismos Angolanos”.
Prestigiado nos meios literários nacional e internacional, membro da União de Escritores Angolanos, Óscar Ribas foi galardoado com diversos prémios, com destaque para os Prémios Margaret Wrong (1952), o de Etnografia do Instituto de Angola (1959) e Monsenhor Alves da Cunha (1964).
Além disso, foi homenageado com os títulos de Membro Titular da Sociedade Brasileira de Folclore (1954), Oficial da Ordem do Infante, título concedido pelo Governo português (1962) e um Diploma de Mérito atribuído pela Secretaria de Estado da Cultura (1989).
Óscar Ribas foi agraciado com o Prémio Nacional de Cultura e Artes em 2000, na categoria de Literatura e Investigação em Ciências Sociais e Humanas, pelo Ministério da Cultura.
Fonte: Jornal de Angola