Ana Guerra Marques recria contos em livro
A coreógrafa e investigadora Ana Clara Guerra Marques apresenta, hoje, pelas 17h30 (hora local), na União dos Escritores Angolanos (UEA), em Luanda, o livro “Máscaras Cokwe: a linguagem coreográfica de Mwana Phwo e Cihongo”.
Sob a chancela das editoras angolana Kilombelombe e a portuguesa Guerra & Paz, o livro traz textos introdutórios de dois conceituados investigadores nas áreas das máscaras cokwe e da história da arte africana, respectivamente, Manuel Jordán, actual curador chefe do Musical Instrument Museum, nos Estados Unidos, e Bárbaro Martínez-Ruiz, professor emérito de Estudos Africanos na Universidade de Oxford.
No livro, a autora actualiza a informação sobre os Akixi ou bailarinos mascarados na Angola de hoje, a partir do ponto de vista da dança, enquanto plataforma académica, abordando, pela primeira vez, o estudo das máscaras cokwe numa perspectiva da Etnocoreologia, o processo de estudo aprofundado da dança tradicional identitária.
O livro surge como o produto final do longo trabalho de investigação da coreógrafa no terreno cultural cokwe, com enfoque na performance e na linguagem corporal das máscaras de dança Mwana Phwo e Cihongo, enquanto estruturas de comunicação capazes de sustentar uma memória colectiva.
A análise dos padrões de dança e das características da performance de cada uma destas máscaras também são analisados por Ana Clara Guerra Marques, por permitirem uma melhor compreensão do papel destas máscaras na estruturação e equilíbrio da sociedade cokwe.
A pesquisa, que incluiu uma longa viagem de dedicação a leituras, recolha de imagens e conversas, apoia-se num enquadramento histórico e social das máscaras estudadas, bem como na contextualização destas nos planos da religião, dos rituais de iniciação e da estética.
Ana Clara Guerra Marques é mestre em Performance Artística – Dança e licenciada em Dança na área da Educação. Bailarina, coreógrafa e investigadora, é pioneira da dança contemporânea em Angola e trabalhou durante anos no Ministério da Cultura, onde foi Directora da Escola Nacional de Dança e consultora.
É a fundadora da Companhia de Dança Contemporânea de Angola, a primeira do género a fazer um trabalho profissional e com a qual propôs novas estéticas e conceitos de espectáculo para a dança angolana, dividindo a criação entre a intervenção/crítica social e a investigação sobre as danças patrimoniais angolanas, com incidência na cultura cokwe.
Como reconhecimento da contribuição dada ao desenvolvimento das artes e da cultura em Angola, foram-lhe atribuídos o Prémio Nacional de Cultura e Artes (2006), Identidade, da União Nacional dos Artistas e Compositores (1995), assim como diplomas de Honra (2006) e de Mérito (2016) do Ministério da Cultura.
Fonte: Jornal de Angola