Vencedores da 4ª edição do concurso fotográfico “Somos Imagens da Lusofonia 2022 – Na Solidão dos Dias”
O brasileiro Raphael Alves foi o grande vencedor do concurso “Somos Imagens da Lusofonia”, lançado em julho do corrente ano, com a fotografia intitulada “Insulae”.
A quarta edição deste concurso de fotografia, organizado anualmente pela Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” (Somos – ACLP), teve como mote uma autorreflexão fotográfica sobre a solidão vivida naqueles dias de restrições impostas globalmente pelas autoridades sanitárias, medidas que causaram medo, solidão e deixaram-nos órfãos de afetos. As fotografias transbordam o que sentiram as comunidades dos Países de Língua Portuguesa e de Macau nesse período e – agora com o devido distanciamento – dar uma visão de como se vai fechando esse ciclo de solidão.
A fotografia “Insulae” de Raphael Alves arrecadou o primeiro prémio, no valor pecuniário de 10 mil patacas (equivalente a cerca de 1180€) foi captada num cemitério em Manaus, no Brasil. Na memória descritiva Raphael Alves refere que a fotografia retrata as desigualdades socioeconómicas e a “falta de políticas para a região mostraram a fragilidade do maior estado brasileiro, o Amazonas. Durante a pandemia de Covid-19, apenas três familiares de cada vítima podiam comparecer aos enterros nos cemitérios de Manaus. Uma morte isolada.”
O júri decidiu atribuir o segundo prémio, de 5 mil patacas (aproximadamente 580 euros), a uma fotografia do português Jorge Meira, intitulada “Safe Distance”, tirada em julho de 2020, em Vila Praia de Âncora, depois do plano de desconfinamento do Governo português que previa um distanciamento de 1,5 metros entre veraneantes. “Alguns fizeram marcações na areia para garantirem o cumprimento das medidas governamentais.
Por sua vez, Dário Paraíso arrecadou o terceiro prémio, de 3.500 patacas (400 euros aproximadamente), com uma imagem de São Tomé, captada no Mercado de Bobo Forro em 2020. A “Espera”, descreve a paragem no tempo há muito conhecida de São-Tomé e Príncipe que “após a sua independência, as estruturas físicas e matérias pararam no tempo de mãos dadas com as estruturas imateriais (…) Aqui já se sabia o seu significado. Isolamento. Insularidade. Distâncias. Separação.”
Este ano foram também atribuídas três menções honrosas. Os autores das fotografias que mereceram esse destaque são os portugueses Bruno Taveira com a fotografia “Em busca do essencial”, que retrata uma fila de pessoas na busca incessante de bens alimentares, de primeira necessidade, aos supermercados no Concelho de Cascais, logo após o Governo Português decretar o estado de emergência; Rodrigo Cabrita com a “Solidão Colectiva” uma imagem descritiva do dia a dia da sua própria família, o “eu” inserido numa espécie de solidão colectiva, esbatida pelas tecnologias; e o moçambicano Marcos Júnior com a fotografia “distância” onde o fotógrafo refere nunca ter imaginado que uma doença pudesse impedir os afectos, sobretudo de alguém que saiu do seu ventre.
O concurso fotográfico foi aberto a todos os cidadãos dos países e regiões da Lusofonia e residentes de Macau, com fotografias tiradas em qualquer um destes locais: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste ou Goa, Damão e Diu.
O painel de jurados foi composto por um grupo de fotojornalistas de Macau, Brasil e Portugal, designadamente Gonçalo Lobo Pinheiro (presidente do júri e representante da Somos – ACLP), Rui Miguel Pedrosa; Francisco Ricarte; Marcio Pimenta e Henry Milleo.
Depois de um ano de interregno, o presidente do painel indicou que este ano o concurso voltou em “força”, Gonçalo Lobo Pinheiro refere que foram recebidas centenas de fotografias de todos os países e regiões de língua portuguesa e, uma vez mais, também, o júri mostrou-se “surpreendido com a qualidade de trabalhos a concurso”. A decisão final foi “difícil”, tendo o concurso deste ano “superado” as edições anteriores com “imagens únicas”. Com uma pandemia pelo meio de um ano sem concurso, a adesão continua em “crescendo e isso deixa-nos muito felizes”, remata.
Para a próxima edição, que celebra os cinco anos de concurso, a Somos! está a preparar algumas surpresas. O objectivo passará, como até aqui, por ter um reconhecimento mundial, sempre dentro daquilo que consideramos ser o espectro das comunidades lusófonas ao redor do mundo.
A exposição “Somos Imagens da Lusofonia 2022 – Na Solidão dos Dias”, vai ser inaugurada no dia 12 de janeiro de 2024 e pode ser visitada até 28 desse mês, na Galeria de Exposições da Casa Garden – Fundação Oriente, em Macau. No dia da abertura, haverá performances alusivas ao mundo lusófono e um DJ Set, até às 22 horas.