Vencedores da VI edição do concurso fotográfico Somos – Imagens da Lusofonia 2024: “O Homem e o Divino”

O fotógrafo moçambicano Marcos Júnior foi o grande vencedor da VI edição do concurso “Somos Imagens da Lusofonia”, que decorreu de 10 de Fevereiro a 21 de Março deste ano e que teve por tema “O Homem e o Divino”, com uma fotografia tirada numa igreja em Moçambique que retrata o gesto de um padre a abençoar um crente, reflectindo a intermediação entre o terreno e o celestial.

Adelino Meireles e João Carlos completam o trio de premiados, com fotografias da fé da comunidade ucraniana em Portugal e uma imagem inspirada na iconografia clássica da Madonna e o Menino. A “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” (Somos – ACLP) irá organizar a subsequente exposição fotográfica, em finais de Maio, no Parisian Macau, loja 3306, no piso 3.

O júri do concurso atribuiu o primeiro lugar à imagem “Onde há fé, há luz que guia”, do jovem fotógrafo moçambicano, Marcos Júnior, a qual remete para a penumbra reverente da igreja, inundada por uma luz que desponta ao fundo, figura – mais do que um efeito visual – um símbolo profundo da procura incessante do ser humano pelo transcendente. No vasto cosmos das crenças, essa ligação ao divino assume variadas expressões: desde a tradição católica, que molda a fé de milhões, até às filosofias espiritualistas que ampliam os horizontes da compreensão do sagrado. Na fotografia vemos o gesto de um sacerdote a abençoar um fiel, mais do que um ritual; é um acto que liga o terreno ao celestial, uma ponte simbólica entre a humanidade e o divino. Paralelamente, crenças como o espiritismo e as tradições afro-indígenas reinterpretam essa relação, trazendo novas formas de expressão a um fenómeno espiritual e cultural em transformação contínua.  Com esta imagem o fotógrafo Marcos Júnior receberá, assim, o primeiro prémio do concurso no valor de dez mil patacas (o equivalente a 1140€) e uma viagem e estadia em Macau, de forma a participar na cerimónia de inauguração da exposição e em workshops organizados localmente.

O segundo prémio, no valor sete mil patacas (cerca de 800€), foi conquistado pelo português Adelino Meireles, autor da fotografia “Saudades”, captada no Porto, em Portugal, onde grande parte da comunidade ucraniana reúne-se em igrejas improvisadas, criando um espaço onde podem trazer um pedaço de “casa” consigo. Ali, entre orações e tradições, encontram conforto e recriam o sentido de pertença, numa casa que agora é a sua.

Já o português João Carlos recebeu o terceiro prémio, no valor de 5.000 patacas (cerca de 570€), com a fotografia intitulada “Madonna da Sabedoria Descrição”, inspirada na iconografia clássica da Madonna e o Menino, uma das representações mais reproduzidas na história da arte, esta fotografia explora a dualidade entre o conhecimento e o instinto materno. A figura da mãe, simultaneamente contemporânea e intemporal, é retratada a amamentar enquanto lê, evocando a tradição renascentista que une a educação ao cuidado.

Neste concurso, foram ainda atribuídas três menções honrosas (através de certificado) a três concorrentes. Os autores das fotografias que mereceram esse destaque são Ana Cláudia Talieri (Brasil) com “Prece no relento”, o retrato de Lucas, esquecido pela sociedade, encontra na fé o abraço que o mundo lhe nega. Homossexual e HIV positivo, por muito tempo acreditou não haver lugar para si junto a Deus, até perceber que o Criador habita corações sinceros, não templos de pedra; Bruno Taveira  (Portugal) com a fotografia “Cruz nas mãos, Fé no coração”, tirada num domingo de Páscoa, no norte de Portugal (Trás-os-Montes), o fotógrafo testemunhou a preparação da visita do compasso pascal que, acompanhado pela cruz de Cristo, percorre as casas locais abençoando cada lar com fé e esperança; e Bruno Pedro (Portugal) com “O Guardião do Tempo e da Tradição”, a imagem de um homem idoso parado à porta de uma mesquita, o seu semblante reflecte a serenidade de quem já viveu muito, testemunhando as transformações do tempo enquanto se mantém profundamente enraizado na sua cultura e fé.

Nesta VI edição, a Somos – ACLP admitiu o maior número de sempre de participantes com cerca de três centenas de fotografias a concurso, com elevada qualidade. O painel de jurados, composto por fotojornalistas a trabalhar em Macau, Portugal e Guiné-Bissau, foi presidido pelo fotógrafo Gonçalo Lobo Pinheiro (representante da Somos – ACLP), que destaca a qualidade das fotografias submetidas: ” A escolha final dos vencedores, das menções honrosas e das fotografias que farão parte da exposição do concurso anual da Somos! não foi nada fácil. Este ano, batemos todos os recordes de participação, com imagens vindas de diferentes cantos do mundo lusófono, revelando olhares diversos e narrativas visuais potentes. O nível das obras submetidas surpreendeu o júri, que enfrentou o difícil desafio de selecionar entre tantas propostas criativas e sensíveis. O grande prémio foi entregue ao fotógrafo moçambicano Marcos Júnior, cuja imagem capturou com força e poesia o espírito do tema proposto. Parabenizamos todos os participantes pela qualidade dos trabalhos enviados e agradecemos por terem contribuído para tornar esta edição a mais memorável até agora. A exposição, que reúne as obras vencedoras e outras selecionadas, é uma celebração da fotografia como ferramenta de expressão, identidade e conexão entre culturas.”

Em linha com as edições anteriores, as fotografias premiadas neste concurso, juntamente com cerca de quatro dezenas de outras que foram seleccionadas pelo júri de entre as candidatas, pela sua relevância ou valor para o tema do concurso fotográfico e para o propósito da Somos – ACLP de projetar a dimensão cultural da Lusofonia, assim como o papel de Macau enquanto plataforma que une a China e os países/regiões de Língua Portuguesa, integrarão uma exposição a ter lugar, em finais de Maio (data a anunciar brevemente).

A exposição “Somos – Imagens da Lusofonia 2024/25: O Homem e o Divino”, tem curadoria do arquitecto e fotógrafo, Francisco Ricarte e este ano conta com a presença do vencedor, Marcos Júnior, fotógrafo moçambicano.  A VI edição é patrocinada pelo Fundo de Desenvolvimento da Cultura do Governo da Região Administrativa Especial de Macau e tem como venue support a Sands China Ltd.

 

 

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