Canais abordam todo tipo de conteúdo e ultrapassam os 12 milhões de visualizações.
RIO — Pelo direito de contar a própria história, pessoas com síndrome de Down entraram no mundo dos influenciadores digitais. Com conteúdo e público diversos, esses youtubers discutem consciencialização e combatem o preconceito , mas também mostram que podem falar sobre qualquer assunto.
Primeira pessoa com síndrome de Down do Brasil a ter um canal no YouTube , Cacai Bauer faz vídeos de paródias, culinária, turismo, além de abordar assuntos sobre consciencialização da síndrome. O bom humor da baiana de 25 anos conquistou o público, e seu canal, criado em 2013, conta com cerca de 275 mil inscritos e mais de 12 milhões de visualizações.
— Minha deficiência não me limita em nada. É importante inspirar pessoas com deficiência a mostrarem que são capazes de fazerem o que quiserem. Dou mais destaque ao que eu sou capaz de fazer do que às minhas dificuldades — comenta.
‘Eu não sou especial’
Influenciadora digital e ativista dos direitos das pessoas com deficiência, Tathi Piancastelli, de 35 anos, ganhou fama fazendo vídeos e campanhas de conscientização sobre pessoas com síndrome de Down. A carreira teve início quando ela morava na Europa e resolveu mostrar um pouco da cultura local.
— Meus vídeos falam de protagonismo, eu dou recado para sociedade. A maioria das pessoas acha que quem tem síndrome de Down é especial ou é doente. Estou informando pra tirar preconceito — conta a influenciadora.
O trabalho de Tathi não se limita apenas aos mais de 20 mil seguidores de seu perfil. Atualmente morando em Miami, a ativista também é representante social do Instituto MetaSocial Ser Diferente é Normal e realiza palestras sobre conscientização. Como fruto de seu trabalho, ela já foi capa de revistas, é modelo de uma marca de cosméticos e será o enredo do carnaval de Manaus.
— Não gosto que falem por mim. Eu faço palestras, já falei na ONU, em Nova York. Eu tenho síndrome de Down e posso ser como qualquer influencer e é importante todo mundo saiba disso.
https://https://youtu.be/Eexd7klMh8g
A exposição nas redes sociais também abre brecha para outra consequência negativa: os haters. Cacai Bauer conta que o bullying virtual e comentários maldosos acontecem desde os primeiros vídeos, mas em nenhum momento pensou em abandonar o canal.
— Meus pais sempre conversaram comigo a respeito de bullying e eu sempre tirei de letra.
‘Uma janela que não se fecha mais’
A pequena Alice, de 7 anos, virou influenciadora digital quando ainda era um bebê. Quando ela nasceu, a mãe Carol Rivello percebeu a ausência de conteúdo informativo e leve sobre a criação de crianças com síndrome de Down. Pensando nisso, a designer gráfica criou o blog “Nossa vida com Alice”, que posteriormente também virou canal no YouTube.
— Minha ideia inicial era trazer algo que senti falta quando a Alice nasceu, um conteúdo informativo, porém positivo e leve. Há sete anos, as informações eram de mais difícil acesso, realidade que está mudando, ainda bem.
Fonte: O Globo