“A Flor Eterna – Rubye de Senna Fernandes” 

O Albergue SCM e a Associação dos Macaenses, com o patrocínio da Fundação Macau, realizam esta terça-feira (21 de agosto) uma homenagem a Rubye de Senna Fernandes.

O evento terá lugar pelas 18.30h, no espaço D1 do Albergue SCM, e será moderado pelo arquiteto Carlos Marreiros, presidente do Albergue SCM, e pelo advogado Miguel de Senna Fernandes, presidente da Associação dos Macaenses.

Rubye de Senna Fernandes marcou o panorama musical do território nos anos 50.

“(…) Ainda antes de começarem a chegar artistas de Portugal, já o fado tinha histórias para cantar. Fazia parte das noites de convívio entre os militares, chegava à comunidade através da Rádio Vila Verde ou pela voz aveludada de Rubye, uma menina macaense acabada de chegar de Coimbra

Sorri. E é sempre graciosa na palavra. `Costumo dizer que sou a condessinha de pés descalços.´ É verdade que Rubye descende do Conde Bernardino de Senna Fernandes, mas se for levado à letra, não podia estar mais longe da verdade. Naqueles anos 50, sempre vestida com alinho, Rubye era entusiasta de uns sapatos de salto nobre. Talvez por isso fique melhor um outro título: a fadista de Macau.

Com seis anos mudou-se para Coimbra e foi aí que cresceu entre as serenatas e as músicas americanas que chegavam pela rádio. Em casa a mãe tocava piano, o pai distinguia-se ao violino e, de forma natural, desenvolveu o ouvido para a música e aprendeu a tocar o uquelele. `Eu gostava era de músicas havaianas.`

Quando o pai percebeu o gosto pela música, decidiu que era hora de cantar o fado. Com 19 anos, ao regressar a Macau, trouxe na bagagem um xaile negro e uma viola. `Ninguém cantava. Nem se falava do fado. Tanto imitei os trinados da Amália que, na brincadeira, comecei a ser chamada de fadista de Macau.`

Com a ajuda do pai, Rubye encontrou entre a Polícia Marítima um guitarrista, Manuel de Oliveira. Foi assim que durante anos os dois levaram as músicas de Amália aos mais nobres salões de Macau. Era convidada pelos governadores, frequentava festas no Clube Militar e cantava letras saudosistas aos militares. `´Os fados eram tristes e eu sou bastante sentimental. As pessoas gostavam muito.´

Ainda que não cantasse profissionalmente, Rubye era a única voz do fado em Macau. E por isso, nos anos 70, quando regressou a Portugal, deixou Macau sem os sons dolentes da canção” – Revista Macau, 29 de junho de 2012.

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