Macau recebe de 16 a 18 de Junho as Regatas Internacionais de Barcos-Dragão

O Festival realiza-se no 5º dia do 5º mês do calendário lunar chinês. Falar desta festividade, umas das mais importantes na China, obriga a recuar até ao ano 340 A.C. Existem várias lendas sobre a origem desta data, mas a mais popular recai sobre o poeta e ministro, Qu Yuan (340–278 a.C.), um intelectual que lutava pela igualdade e dignidade do povo durante o Estado de Chu, no Período dos Reis Combatentes (475-221 A.C.)
Homem sábio e erudito, foi o primeiro poeta chinês importante na literatura do país.
Qu Yuan era próximo do Rei de Chu, uma proximidade que não era bem vista por outros membros da corte que não perderam tempo em acusar Yuan de conspirar contra o Imperador, acabando por ser exilado. Durante este período, Yuan continuou a escrever sobre o amor ao Estado. É durante o exílio que surge um dos seus mais conhecidos poemas, “Li Sao”, onde aborda questões espirituais, mitológicas e a injustiça de ter sido rejeitado pelo Estado.
Com a morte do Rei, às mão do inimigo, e como prova da sua lealdade, Qu Yuan suicida-se no Rio Miluo.
Após a notícia, os habitantes da província de Chu tentam salvá-lo, lançando-se em gincanas no rio, tocando em tambores (hoje os tamboreiros) e batendo com os remos na água para evitar que o corpo fosse comido pelos peixes. Mas, durante a noite, um dos pescadores teve um sonho com o poeta que lhe terá aconselhado uma outra forma, e começam atirar os bolinhos de arroz atados com 5 fitas, de várias cores, simbolizando os 5 elementos. Práticas que se mantêm até aos dias de hoje.
Já antes, a data era assinalada com adoração ao Dragão, símbolo da China, da sabedoria, poder e força. Um animal com influência na agricultura, nomeadamente do arroz. Os habitantes pediam a esta figura mítica boas colheitas, fazendo-lhe sacrifícios para evitar secas, pragas ou epidemias. A data assinala também o início do Verão do calendário lunar Chinês.
O Festival de Barcos-Dragão é também conhecido pelo Festival Tuen Ng, ou Duanwu, dia em que as famílias comem os bolinhos de arroz, zòngzi, embrulhados em folha de bambu com recheio de vários sabores.
Em Macau, nos anos 1930-40, o Festival disputava-se nas águas do Porto Interior e era organizado de forma voluntária por associações locais. Só a partir de 1979 passou a Regata Internacional com a participação de diferentes equipas vindas, por exemplo, de Hong Kong, Japão, Estados Unidos da América, Filipinas, China, Tailândia, Singapura, Coreia, Austrália e de diversos países europeus. O evento, disputado no Centro Náutico da Praia Grande, é organizado pelo Instituto do Desporto de Macau em conjunto com a Associação de Barcos de Dragão de Macau.

As provas dividem-se em duas categorias, a “Grande Regata de Barcos-Dragão” e a “Pequena Regata de Barcos-Dragão”, disputada numa distância de 250 metros, em barcos com uma tripulação de 12 remadores. Em Macau as empresas, associações, escolas e departamentos do governo organizam as suas próprias equipas para participar nas regatas, num ambiente de festa, mas, nem por isso, menos competitivo. Na grande regata, a distância da prova é de 500 metros e os barcos-dragão têm uma tripulação de 22 remadores, sendo a prova mais aguardada e disputada do torneio. Ao ritmo de gongos e tambores, os atletas vão remando com pás de madeira ao som imposto pelo tamboreiro.

Três dias em que a cultura e a tradição se misturam com o desporto.

Fotografias – macaodragonboat
Mais informações em : https://www.macaodragonboat.com

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