“A luta continua”

É num lugar, do outro lado do mundo, onde de Lisboa à sua capital se prefaz 14,399 quilómetros. Uma terra de nome Timor, mescla de um povo que me atrevo a chamar de índigena (à sua própria maneira e estilo de vida) com ligação histórica e milenar com as nossas geneses e que vai muito mais além de uma das suas duas línguas oficiais.

Timor do “tempo do porto’’ – termo designado pelos timorenses à época da colonização portuguesa em Timor – prevaleceu de forma saudável e harmoniosa por todo o passado como também no presente. Portugal por aqui continua vivo fisicamente, visivelmente, sentimentalmente.

Foi, ao que tudo indica, em 1515 que os portugueses chegaram a Timor, nomeadamente onde agora se encontra o enclave do Oecusse. E connosco chegou uma nova religião a esta terra, a católica, que hoje em dia é o grande suporte de energia e fé para o povo timorense. Porém, nunca se perdeu a crença em tudo o que antes do catolicismo era sagrado e que se continua a preservar nos dias de hoje. Falo de lugares que a mãe natureza nos oferece em Timor, que para o seu povo é sinónimo de fé, sorte e benção que os protegerá; lugares eternamente protegidos e respeitados, locais que nem a melhor das explicações científicas nos faz convencer de como são sagrados (classificados pelo seu povo), da natureza existente por cá.

Voltando à história, foi depois do fim do colonialismo que os timorenses tentaram reconstruir o país, sofrendo um subito atraso após o ataque Indonésio (em 75). Os tempos de sofrimento apoderaram-se deste lugar. Foi necessário esperar até 2001 para as primeiras eleições livres e democráticas. A 20 de Maio desse ano, Timor-Leste tornou-se a mais recente democracia do mundo: o primeiro país do terceiro milénio.

Um povo que hoje ainda vive parte dos resquícios deixados pela guerra; um povo que ao mesmo tempo faz questão de demonstrar, através de gestos, palavras ou olhares a sua admiração e gratidão pelos portugueses, pelos valores que só a Liberdade nos permite usufruir, onde o carinho para com quem os visita é latente e onde fazem questão de falar a nossa lingua quando se trata de um português.

Um povo a quem o sofrimento passado deu força para aproveitar ao máximo o que de bonito e de bom a nossa vida nos oferece. Não é por acaso que frequentemente ouvimos dos timorenses ao mesmo tempo que vão sorrindo: “A luta continua”!

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