UNICEF: Seis em cada dez crianças vivem em situação precária no Brasil
Seis em cada dez crianças no Brasil vivem na pobreza, de acordo com estudo apresentado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O documento, agora divulgado, estima que 18 milhões (34,3% do total) são afetadas pela pobreza monetária, enquanto 14 milhões sofrem de privação de direitos, embora não sejam consideradas pobres em termos financeiros.
Segundo o levantamento, feito com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2015, os dois grupos juntos representam 61 por cento das crianças do Brasil. Destas, 49,7 por cento têm um ou mais direitos negados. São crianças e adolescentes até aos 17 anos que estão privados dos direitos à educação, à informação, à água, ao saneamento, a moradia e a proteção contra o trabalho infantil.
Muitas crianças estão expostas a mais de uma privação simultaneamente, sendo o saneamento (24,8%) o principal problema. Já 20,3 por cento das crianças e dos adolescentes, com idades compreendidas entre os 4 e 17 anos, têm o direito à educação violado. Os dados da Unicef indicam que 13,8 por cento estão na escola mas são analfabetos ou estão em atraso escolar e que 6,5 por cento não frequentam qualquer instituição de ensino.
O estudo inclui a privação de direitos como uma das faces da pobreza, o que não é comum nas análises tradicionais sobre o tema. Monetariamente, as crianças pobres vivem com menos de 346 reais per capita por mês em zonas urbanas e 269 em zonas rurais.
Os dados analisados evidenciam ainda desigualdades. Fatores como o local de residência ou a cor da pele influenciam o acesso a determinados direitos, por exemplo, a percentagem de crianças das zonas rurais que não têm direitos garantidos é o dobro face às das áreas urbanas.