Angola: População de Ombwa pede ajuda alimentar

A população da povoação de Ombwa, comuna de Oconcua, município do Curoca, solicitou, segunda-feira, ajuda alimentar ao Governo Provincial do Cunene, para minimizar a situação de fome e sede originada pela seca que se regista desde Outubro de 2018.

Em consequência deste fenómeno, cinco mil e 842 habitantes da localidade estão afectados pela fome, por não conseguirem produzir na presente campanha agrícola, face à falta de chuva.

O soba da aldeia de Cambundo, José Mwani “Tira-mão”, de 71 anos de idade, considerou necessário que o Governo apoie urgentemente a comunidade com bens alimentares, para aliviar a dor da fome. Explicou que, nesta altura, os campos estão sem produção, um indicador de que haverá mais fome, daí pedir a ajuda do Executivo em produtos como o massango e o milho.

A autoridade tradicional solicitou ainda a abertura de um furo de água na aldeia, para encurtar as grandes distâncias que as populações percorrem na busca do líquido, para minimizar o impacto do fenómeno seca que tende a se prolongar até ao próximo ano.

Por seu turno, o administrador da povoação de Ombwa, Adriano Samba, considerou crítica a situação alimentar das famílias, visto que muitas já esgotaram as reservas e são obrigadas a dormir à fome, daí que clamarem por sal, óleo, fuba e outros alimentos básicos.

“Este povo é solidário e consegue partilhar o que tem com os mais necessitados. Mas, nesta altura, ninguém tem, pois acabam por alimentar-se mal e por contrair algumas doenças, como diarreias aguda e má nutrição”, referiu.

Adriano Samba sublinhou que a seca já provocou a morte de 22 bovinos, dos três mil e 500 controlados em Ombwa, tendo os demais sido já transferidos para as áreas que oferecem boas condições de pasto para sobreviverem desta calamidade.

Já o criador de gado, Miguel Katutyi, de 37 anos de idade, afirmou que a seca tem sido o maior problema que enfrentam na actividade da pastorícia, sendo este um dos piores anos, à semelhança de 2011 e 2012, em que muitas pessoas e animais foram afectados.

Informou que durante este período de seca perdeu 27 cabeças de gado e o pouco que restou gere com muita sabedoria, vendendo alguns para comprar alimentos diversos e essenciais para sustentar a sua família.

Actualmente, estão afectadas pela seca 857 mil e 443 pessoas e 702 mil e 149 bovinos, no Cunene.

Para solucionar problemas estruturantes, ligados aos efeitos da seca, foi aprovado um pacote financeiro, pelo Presidente da República, João Lourenço, fixado em 200 milhões de dólares.

Este pacote financeiro irá atender três projectos com acções concretas para terminar em definitivo, os efeitos da seca na região, com a construção de um sistema de transferência de água do rio Cunene, que partirá da localidade de Cafu até Shana, nas zonas de Cuamato e Namacunde.

O pacote será igualmente utilizado para a construção de duas barragens nas localidades de Calucuve e Ndue.

Recentemente, o governador do Cunene, Virgílio Tyova, declarou que são necessárias 400 mil toneladas de bens alimentares para acudir à população nas zonas rurais, num período de 12 meses, em consequência da seca que assola a região.

Fonte: Angop

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