Angola: Descartada desclassificação de Mbanza Kongo pela ONU

A ministra da Cultura, Maria Piedade de Jesus, descartou a possibilidade da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) relegar Mbanza Kongo à “lista negra” de Património Mundial da Humanidade.

A responsável fundamentou esta convicção com o facto de “estarem a ser cumpridas as recomendações emanadas por aquele órgão à luz da sua preservação e conservação.”

Aquando da inscrição da cidade de Mbanza Kongo, pela Unesco, na lista de Património Mundial na cidade de Cracóvia (Polónia), em Julho de 2017, foi recomendado ao Estado angolano algumas acções importantes relativas à conservação, valorização e divulgação a serem cumpridas até o próximo ano.

A ministra da Cultura afirmou, à margem da III Reunião Ordinária da Comissão Nacional Multissectorial para a Salvaguarda do Património Cultural Mundial, encontro presidido pelo Vice-Presidente da República, Bornito de Sousa, que todas as recomendações da UNESCO serão resolvidas dentro dos prazos estipulados.

“Neste encontro foi analisado o grau de implementação das recomendações da UNESCO e a questão da gestão integrada do património. Vimos a necessidade de revitalizar o turismo em Mbanza Kongo, assim como a inclusão nos manuais escolares conteúdos sobre monumentos e sítios que simbolizam a história e a tradição oral”, disse a ministra.

Segundo a ministra, a realização do Festival Internacional da Cultura constitui a concretização de uma das recomendações da UNESCO que visa, sobretudo, edificar uma plataforma de intercâmbio cultural entre todas as províncias que faziam parte do Reino do Kongo e também países vizinhos, como o Congo (Brazzaville), República Democrática do Congo e Gabão.

“Temos a mesma cultura e a diversidade desta cultura é que enriquece o Centro Histórico de Mbanza Kongo, antiga capital do Reino do Kongo”, frisou Maria de Jesus.

Apoio de França

A saída do encontro, o embaixador da França acreditado em Angola, Sylvain Itté, garantiu apoio financeiro daquele país, através da Total, na reabilitação dos monumentos e sítios de Mbanza Kongo por formas a contribuir para o cumprimento das recomendações da UNESCO.

“A França está ao lado de Angola desde a fase de candidatura de Mbanza Kongo a Património Cultural da UNESCO. A cooperação passa pela museologia, conservação dos sítios, pesquisas arqueológicas, além de outras obrigações que devemos passar em revista”, disse Sylvain Itté.

O responsável da empresa Total, Oliver Jonny, referiu que apoiar a cultura e o património da humanidade faz parte da responsabilidade social da empresa com a sociedade angolana. “Vamos fazer todos os esforços para permitir a reabilitação dos sítios históricos de Mbanza Kongo”, referiu.

Plano urbano

Uma das recomendações da Unesco visa a elaboração do Regulamento Urbano, que constitui uma peça do ordenamento do território. A ministra do Ordenamento do Território e Habitação, Ana Paula de Carvalho, defendeu a necessidade de elaborar um plano urbano que envolva a “zona tampão” de Mbanza Kongo, já executado a 80 por cento.

O plano, disse, prevê a caracterização dos solos e instalação de equipamentos sociais necessários, como a nova localização do aeroporto e todos aspectos que têm a ver com a “zona tampão” de Mbanza Kongo.

A ministra indicou que, das sete novas centralidades programadas para execução no país, está incluída a centralidade de Mbanza Kongo. “As obras da referida centralidade ainda não arrancaram, mas a empresa encarregada para a sua construção já montou o seu estaleiro na zona onde vai ser erguida a centralidade”, disse Ana Paula de Carvalho.

Turismo

A ministra do Turismo e Hotelaria, Ângela Bragança, enalteceu as potencialidades histórico-cultural do Centro Histórico de Mbanza Kongo cujo roteiro turístico já está definido.
“Já foi feito o roteiro e agora falta a requalificação.

O processo é para ser executado a curto e médio prazo. Há questões imediatas ligadas à gestão participativa do património, melhoria dos acessos e de toda plataforma de urbanização desta zona”, disse.

Ângela Bragança reconheceu, entretanto, que faltam ainda criar outras condições, como é o caso de construção de mais hotéis na cidade de Mbanza Kongo. A região possui apenas dois hotéis e o de referência está no Soyo.

Fonte: Jornal de Angola

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