SOS Cunene junta em Lisboa artistas solidários com vítimas da seca no sul de Angola
Mais de uma dezena de artistas sobem, na sexta-feira, ao palco do cinema São Jorge, em Lisboa, para o espetáculo SOS Cunene em solidariedade com a população afetada pela seca no sul de Angola.
Em declarações à Lusa, Vlado Coast, o músico angolano que promove a iniciativa, adianta que as receitas das vendas de bilhetes vão ser canalizadas para uma conta solidária, criada para o efeito, e encaminhadas para o governo provincial de Cunene que fará a sua distribuição pelas zonas mais afetadas: Cuanhama, Cahama, Curoca e Santa Clara.
O artista, natural de Cunene, acrescentou que pretende tornar o SOS Cunene “numa marca” para continuar a ajudar os habitantes daquela região: “A seca não acaba hoje e a chuva também vai causar problemas. É preciso encontrar alternativas”, sublinhou.
Depois de Lisboa, Vlado Coast quer também levar o espetáculo SOS Cunene a cidades angolanas como Luanda, Huíla, Namibe e Cunene.
Na sexta-feira passam pelo São Jorge artistas lusófonos como Paulo Flores (Angola), Paulo de Carvalho (Portugal), Eduardo Paim (Angola), Dany Silva (Cabo Verde), Dom Kikas (Angola), Gardénia Benrós (Cabo Verde), Hélvio (Angola), Tonecas Prazeres (São Tomé e Príncipe), Micas Cabral (Guiné Bissau), Mago de Sousa (Angola), Cientista (Angola), Yudi Fox (Angola), Coreón Du (Angola) e o próprio Vlado Coast.
A iniciativa é apoiada pela RTP África, RDP África e Antena 1. Os bilhetes podem ser adquiridos no local e custam 10 euros.
O sul de Angola está a ser atingido por uma seca extrema, sendo a província de Cunene a região mais afetada.
Em 26 de fevereiro último, o vice-governador da província do Cunene, Édio Gentil José, decretou o “estado de calamidade” devido à seca, que afetava na altura mais de 285.000 famílias.
A 28 de maio, as Nações Unidas disponibilizaram a Angola 6,4 milhões de dólares (5,7 milhões de euros) para ajudar o Governo a fazer face, nos próximos seis meses, à crise de seca no sul do país.
Em comunicado, as Nações Unidas anunciaram que a referida ajuda se enquadra no Fundo Central de Resposta a Situações de Emergência (CERF, na sigla em inglês) e deverão ser aplicados em projetos nas províncias do Cunene, Huíla, Bié e Namibe, para beneficiar 565.000 pessoas afetadas pela seca.
“O severo impacto da seca no sul tem levado à deterioração rápida dos meios de subsistência da população. Segundo dados do Governo provincial do Cunene, o número de pessoas que precisam de ajuda humanitária nessa província aumentou de cerca de 250 mil, em janeiro de 2019, para 860 mil em março deste ano, o que representa já 80% do total da população da província”, realçou a ONU.
A 21 de junho, o Presidente angolano, João Lourenço, apelou, através da sua conta no Twitter, à contínua busca de apoios para os milhares de sinistrados da seca no sul do país.
Segundo o chefe de Estado, o momento crítico para o Sul de Angola avizinha-se (julho, agosto e setembro), pelo que os milhões de angolanos devem continuar solidários, para salvar vidas naquelas comunidades.
Além do Cunene, a província mais afetada, também as populações do Cuando Cubango, Huíla, Namibe, Benguela e Cuanza Sul estão a sentir os efeitos da seca.
Fonte: Lusa