Escritor guineense Ernesto Dabo lança livro de poemas em crioulo e português
O escritor guineense Ernesto Dabo lançou ontem, no Centro Cultural Português de Bissau, capital da Guiné-Bissau, “Olonko”, livro de poesias em crioulo e português.
Citando passagens dos escritores Agustina Bessa-Luís e Eça de Queiroz e deixando agradecimentos à Embaixada de Portugal em Bissau, Ernesto Dabo explicou aos cerca de cem convidados o que pretende com o livro.
“‘Olonko’ [nome em crioulo de caracol] é um contraponto ou uma contracorrente daquilo se passa ultimamente na Guiné-Bissau”, afirmou Ernesto Dabo, referindo ter vivido “momentos extraordinários” nos dias em que viajou por Portugal e o Brasil na preparação do livro.
Mostrar aos brasileiros que na Guiné-Bissau também há escritores de livros e em português “é gratificante, sobretudo ouvi-los a perguntarem por Adulai Sila, Odete Semedo e outros”, disse.
Em cem páginas, Ernesto Dabo “canta” a Guiné-Bissau com poemas em crioulo e português, tendo como objetivo principal “espicaçar a memória dos mais novos”.
Jurista, músico e escritor, Dabo, nascido em Bolama em 1949, é fundador do agrupamento musical Cobiana Jazz, a primeira banda guineense.
A apresentação do livro Olonko de Dabo esteve a cargo do também escritor guineense Adulai Sila que lamentou as dificuldades que os artistas continuam a ter de enfrentar para publicar uma obra.
O escritor apontou, também, o nível de analfabetismo no país para ilustrar outra dificuldade dos artistas.
Segundo Sila, mesmo que muitos guineenses queiram não vão poder compreender o livro hoje publicado.
“Mais de 40% da população em idade escolar está fora do sistema”, enfatizou Adulai Sila, que culpa o Estado.
“Somos, provavelmente, o único país no mundo em que a literatura não faz parte do currículo escolar”, declarou Sila.
Ernesto Dabo exortou os guineenses a lerem mais, destacando que só lendo é que saberão interpretar melhor os seus anseios.
O autor de “Olonko” Dabo considerou ser fundamental “assumir o combate à ignorância como prioridade número um” da Guiné-Bissau.
Fonte: Lusa