Criadores reunidos no “Distrito Cultural”

A promoção e divulgação dos sítios culturais, turísticos e históricos do Benfica tem sido uma das principais apostas da administração do distrito, que criou um projecto artístico para valorização dos criadores e da produção local.

O administrador do distrito, Hélio Aragão, disse, ontem, ao Jornal de Angola, que o projecto, denominado “Distrito Cultural”, tem particularidades, aspectos próprios e factos históricos para se tornar uma referência a nível do fomento da produção artística e cultural local, através da inovação.

Até ao momento, contou, já foram criados 16 pontos de difusão da cultura local, com base no programa de “auscultação”, denominado “A Voz do Munícipe”, cujo enfoque são as actividades culturais e conta com a participação de figuras e técnicos da cultura nacional residentes no distrito.

“A administração pretende, ainda, criar a praça da leitura, um novo conceito de incentivo, estímulo, prática e gosto pela literatura, em especial entre os jovens, de forma a capacitá-los para novos horizontes”, prometeu, acrescentando que o futuro espaço vai ter uma biblioteca, espaços de leitura e para interacção com escritores. A ideia, revela, é criar o espaço num local de valor cultural e turístico, como o Museu Nacional da Escravatura, que devido ao significado histórico para Angola e para o continente africano pode atrair o público para o local.

Hélio Aragão chamou atenção para a existência no distrito de outro ponto histórico, o memorial das ruínas de Cabo-Lombo, antigo centro de escravos, onde estes eram baptizados e seleccionados e posteriormente enviados para várias partes do mundo. “É outro local propício para desenvolver o ambiente de negócio”, disse.

Locais identificados

O produtor e proprietário do mercado verde no distrito urbano do Benfica, Paulo Costa, revelou que espera um espaço favorável para o incentivo da produção artística local e ponto de encontro dos amantes e fazedores de arte.

A meta, adiantou, é ter, pelo menos, 67 expositores, de diversas disciplinas artísticas, desde que sejam capazes de mostrar o potencial criativo do distrito e possam ter a capacidade de obter uma renda própria, para sustentarem às famílias.

Outro dos pontos em análise pela administração do distrito é o Dona Xepa Street, que tem sido o local provisório escolhido para a venda e exposição de peças de artesanato, ou artes plásticas.

Para expositores como Zola Noé, que trabalha com a pintura há três décadas, espaços como este são sempre benéficos para os produtores, pois, muitos já têm estado a viver momentos difíceis, do ponto de vista financeiro, desde o início da pandemia da Covid-19.

A artista plástica Isabel Zombo, que também frequenta o Dona Xepa Street, considera o local um “ponto estratégico” para os artistas do distrito e, apesar de haverem poucas vendas actualmente, com o surgimento de outros locais as coisas podem melhorar.

Alfredo Melólo, outro dos artistas, pediu uma maior atenção da administração, assim como dos responsáveis pelo sector das artes, para o estado de muitos criadores nacionais, em especial os do Benfica, alguns dos quais sem as oportunidades de mostrarem o talento.

A criadora Filomena António, de 59 anos, que também expõe no local, enalteceu a criação deste, assim como incentivou o surgimento de novos, mas criticou a falta de condições de higiene em muitos destes espaços. “É preciso que hajam balneários públicos no local, de forma a melhorar a própria imagem do local”, disse.

Fonte: Jornal de Angola

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