ONG guineense recomenda prudência perante aparente abrandamento da mutilação genital no país

A presidente do Comité para o Abandono de Práticas Nefastas à Saúde da Mulher e Criança na Guiné-Bissau, Marliatu Djaló Conde, recomendou hoje que deve haver prudência perante um aparente abrandamento da mutilação genital feminina no país.

Olhando para os dados do mais recente inquérito aos indicadores múltiplos (MICS), realizado pelo Governo guineense em colaboração com os parceiros internacionais, entre os quais o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a dirigente guineense disse que existe uma sensação de abrandamento do fenómeno.

“O último estudo MICS, realizado em 2018-2019 aponta que o fenómeno tende a baixar e as visitas que fazemos ao terreno permitem-nos dizer que a situação abrandou (…), mas há ainda motivos de preocupação e zonas de alguma resistência ao abandono da prática”, observou à Lusa Marliatu Djaló Condé.

A lei que criminaliza a prática da mutilação genital feminina – na Guiné-Bissau conhecida também por ‘Fanadu di Mindjer’ – existe desde 2011, mas a presidente do Comité Nacional para o Abandono das Práticas Nefastas à Saúde da Mulher e Criança observa que nas regiões de Bafatá e Gabu, leste do país, “ainda existem focos de resistência”.

Bafatá e Gabú são zonas da Guiné-Bissau habitadas predominantemente por indivíduos islamizados que normalmente defendem a continuidade da prática.

Em Bafatá o fenómeno “tende a baixar”, já em Gabu a situação é inversa, notou Condé.

“Em Gabu continuamos a notar mais resistência a favor da continuidade da prática. É uma zona ainda mais fechada”, observou a presidente do comité.

Maliatu Djaló Condé defende a vigilância por parte das organizações comunitárias e de cariz nacional para denunciar qualquer sinal de tentativa de submeter alguém à mutilação genital feminina.

A presidente do Comité para o Abandono às Práticas Nefastas vê melhorias em várias comunidades guineenses que no passado advogavam a continuidade da mutilação, mas que, devido à sensibilização em curso, já têm opinião contrária em relação ao fenómeno.

“De há uns anos a esta parte a situação melhorou muito, mas enquanto houver uma criança, uma mulher sob o risco de ser submetida a essa prática, não estaremos sossegados”, observou Condé.

Fonte Lusa

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