Somos – ACLP organiza em Setembro exposição fotográfica dedicada à cultura lusófona
A “Somos! – Associação de Comunicação em Língua Portuguesa” (Somos – ACLP) inaugura, no dia 27 de Setembro (sexta-feira), e até 12 de Outubro, a exposição “Somos Imagens da Lusofonia – Em cada rosto, um legado coletivo” com curadoria do arquitecto Francisco Ricarte, na qual estarão patentes as fotografias vencedoras do concurso lançado em Maio deste ano, assim como as menções honrosas e outras imagens que o júri considerou relevantes por promoverem a comunicação em língua portuguesa e a disseminação das tradições e características lusófonas.
A cerimónia de inauguração tem início pelas 18h30, na Galeria D1 do Albergue SCM, em Macau. O evento inclui a apresentação do catálogo comemorativo da 5ª edição do concurso fotográfico. Durante a iniciativa haverá, ainda, um espectáculo de dança contemporânea pela companhia Dança Brasil com o tema “Rostos” e a animação ficará depois a cargo do DJ Cuco, até às 22 horas.
A quinta edição deste concurso de fotografia, organizado anualmente pela Somos!, teve como abordagem a fotografia de retrato. Assim, nesta edição, o foco foi colocado no plano individual, nos rostos que compõem o mundo lusófono, com a lente a refletir a multiculturalidade bem como a interculturalidade, e a luz desvendar a singularidade da herança cultural.
Recorde-se que o português Luís Godinho, foi o grande vencedor do concurso, com a fotografia intitulada “São Tomé e Príncipe”, que pretende demonstrar a alegria sentida pelas crianças desse pequeno país, que tem uma população jovem cada vez mais instruída. O retrato é de uma menina que, depois de ter chegado da escola e ajudado a sua mãe nas tarefas diárias, se deita a relaxar à sombra, numa antiga roça em São Tomé, num contraste de luz e sombra que dá dimensão ao seu estado de espírito. O fotógrafo consegue aliar destreza técnica e boa composição nesta fotografia que, assim, lhe garantiu o primeiro prémio do concurso no valor de dez mil patacas.
O segundo prémio, no valor cinco mil patacas, foi conquistado pelo português Bruno Pedro, autor da fotografia “Paz em Cabo Delgado”, que é o retrato de uma menina a sorrir no coração do bairro mais antigo de Pemba (Paquitequete), na província moçambicana de Cabo Delgado, que tem sido fustigada por ataques terroristas desde outubro de 2017. Houve uma fuga em massa da população daquela região, na sequência dos ataques armados atribuídos ao Daesh, e o retrato desta menina é um símbolo de resistência e de esperança, que atesta a capacidade humana de readaptação, de perseverança, que nos recorda que é possível encontrar alegria mesmo nas circunstâncias mais cruéis e difíceis, sendo a inocência plasmada no seu rosto profundamente comovente.
Já o português Jorge Bacelar recebeu o terceiro prémio, no valor de 3.500 patacas, com a fotografia “Momento de descanso”, que nos dá conta do legado de Manuel Pires Tavares, também conhecido por “Manel Espeta”, um agricultor que vive sozinho em Salreu, uma freguesia de Estarreja, Portugal. O retrato de perfil mostra o agricultor, sentado ao lado de uma das suas vacas de raça marinhoa (raça autóctone portuguesa) e com os seus cães ao colo, que acabam por ser a sua companhia e alegria da casa. Manel herdou a paixão pela agricultura dos pais e no seu rosto estão as marcas de uma vida sempre dedicado ao campo.
Neste concurso, foram ainda atribuídas três menções honrosas (através de certificado) a três concorrentes. Os autores das fotografias que mereceram esse destaque são João Galamba (Portugal) com “Festas de Santo Estevão”, uma tradição transmontana; Milton Ostetto (Brasil) com “As marcas do mar” sobre a tradição da pesca artesanal em Florianópolis; e Raphael Alves (Brasil) com “O barqueiro” que retrata a seca mais intensa da história da Bacia Amazônica.
Em linha com as edições anteriores, as fotografias premiadas neste concurso, juntamente com cerca de quatro dezenas de outras que foram selecionadas pelo júri de entre as candidatas, pela sua relevância ou valor para o tema do concurso fotográfico e para o propósito da Somos – ACLP de projectar a dimensão cultural da Lusofonia, assim como o papel de Macau enquanto plataforma que une a China e os países/regiões de Língua Portuguesa.
A exposição “Somos Imagens da Lusofonia – Em cada rosto, um legado coletivo” tem o apoio (patrocínio) do Fundo de Desenvolvimento da Cultura do Governo da Região Administrativa Especial de Macau.